#34 Textos Híbridos Demais
Meu filho entendeu de primeira o que é Democracia. Qual é a dificuldade dos adultos?
Quem me acompanha nas redes sociais pode confirmar que estou sendo monotemática nos últimos dias, e não é pra menos, então claro que o tema "política” também chegou no Dan.
Ele me contou que x pessoa da família votou no bolsonaro com o intuito de que eu o relembrasse todas as atrocidades que esse sujeito havia dito e causado em nosso país e eu fiz isso, mas não fiz de qualquer forma. Eu comecei falando sobre o que a gente valoriza em nossos amigos, o que eles fazem de legal, como eles nos tratam para então pontuar o que a gente não gosta em alguma pessoa, quais comportamentos que nos deixam tristes e envergonhados. Ponto. A partir daí pontuei aspectos do futuro ex presidente e compartilhei algumas das falas dele, em seguida fiz o mesmo à respeito do Lula. E não fui tendenciosa, e nem precisava né. Por fim quem decidiu o que seria melhor, foi ele.
Eu expliquei que essa pessoa da família escolheu o bolsonaro por uma questão religiosa (embora distorcida) o que deixou ele um pouco confuso e foi aí que falamos de Democracia.
Eu converso muito com o Dan sobre o dia a dia na escola e ele divide as aventuras e desafios dele por lá, então foi muito mais fácil pegar os próprios exemplos dele pra ilustrar essa explicação, e foi uma conversa incrível. Não vou entrar em detalhes, mas uma das falas que me marcou demais, foi:
"-Mamãe, então eu acho que o melhor pro Brasil seria votar em professoras. Se eu pudesse, votaria nas minhas, porque elas são muito inteligentes e podiam ensinar as pessoas a serem melhores nas coisas, igual elas fazem comigo e com as crianças da minha sala.”
E por que eu tô escrevendo sobre isso?
Bom, porque as eleições acabaram e o bolsonarismo ainda nos assombra, mas assombra ainda mais as crianças, cujos os responsáveis são bolsonaristas.
Uma pessoa com forte influência religiosa no dia seguinte da eleição compartilhou uma sequência de stories (foram tantos que não se via mais nem os pontinhos) que me embrulhou o estômago, eram relatos de mães e pais falando que seus filhos choraram muito, outros tiveram crises de ansiedade, alguns outros não conseguiram dormir a noite, o desespero tomou conta das crianças porque os responsáveis também foram submetidos ao terror psicológico da extrema direita para garantir apoio absoluto, inventando as piores mentiras que chegavam ainda mais assustadoras nos pequenos ouvidos das crianças.
E bom, os filhos da pessoa x da minha família, que citei acima, também sofreram com isso, choraram e disseram estar morrendo de medo de passarem fome e de ter guerra no país, só porque o Lula ganhou (se continuarem com a baderna por aí, né…).
Confesso que me orgulho do meu filho e do espaço que temos pra falar sobre tudo, mesmo ele sendo pequeno ainda, mas meu coração aperta só de pensar no tanto de criança que não tem a mesma chance, dos embates que irão enfrentar e que não terão uma base boa pra aprender a valorizar e respeitar as diferenças e divergências.
A escola é uma forte aliada na educação de uma criança, mas a família é quem detém a maior influência no desenvolvimento de cada uma. Diante dos mais variados aspectos, isso mais assusta do que conforta.
O que eu li, assisti e ouvi
Post necessário da Arquelana sobre pessoas brancas que indicam perfis/trabalhos de pessoas pretas, especialmente no mês da Consciência Negra.
Acabei esses dois livros e não poderia estar mais apaixonada, vou fazer posts no @hibridademais pra te contar um pouquinho mais.
Uma série que me diverti assistindo foi As Garotas do Fundão, sobre amigas que decidem fazer uma viagem cheia de desafios e "primeiras vezes" depois de descobrirem que uma delas está doente.
Ouvi esse episódio do podcast Meu Inconsciente Coletivo - Fleabag e o glamour do fracasso que se apresenta com a seguinte pergunta: será que dá pra ter tesão no que nos faz feliz?