Do meu lado da família, nunca tive tanto contato com primas ou primos de idades próximas a minha, ou eu era muito mais nova, ou muito mais velha, o que me aproximava mais das mulheres já mães, tias e avós nos almoços de domingo.
Eu sempre admirei essas mulheres, porque embora a maioria delas tivesse dedicado a vida pra cuidar da casa e dos filhos, sempre tinham ótimas histórias pra contar e quando eu era mais nova o que eu mais queria quando me tornasse adulta, era ter histórias pra contar.
Mas calma, não eram grandes aventuras, viagens inesquecíveis, eram histórias sobre a vida comum, sobre colher, plantar e amadurecer.
E talvez por desde muito cedo associar o tornar-se adulta com o ter histórias pra contar, que eu nunca tive medo disso acontecer e sempre desejei sentir o amadurecimento de fato, mas o horário de acordar o filho pra escola, os boletos pra pagar, as tarefas domésticas ou um relacionamento não me fizeram cair a ficha de que: sou adulta. Acho que no fundo a gente nem quer que essa ficha caia, pois ser adulta é um desespero total, só que em nada tem a ver com amadurecer.
O que me fez perceber que amadureci foi um desejo de abandonar a cidade grande.
Passei 2 dias no interior, numa chácara da família onde eu já tinha ido outras vezes e me lembro que na maioria delas, ou em qualquer outro canto mais calmo eu repetia: lugar gostoso pra descansar, mas a vida seria um tédio. Eu amo São Paulo.
Hoje eu não sei o quanto desse amor ainda tem pra me segurar aqui, talvez não o suficiente e o que realmente me faça ficar é a questão logística de trabalho do meu companheiro por enquanto, só por mim já estaria com a plaquinha de "vende-se” na frente de casa.
Nesses dois dias fora, eu percebi que meu corpo e minha mente precisam mais dessa calmaria do que eu posso imaginar, eu não vi como um lugar pra passar o tempo, eu senti que era o tipo de lugar que eu gostaria de ficar. Essa nova necessidade foi muito simbólica e me deu um impulso pra pensar em tantas outras coisas que sem perceber foram deixando de fazer sentido conforme eu amadureci.
Sabe aquela história de ter razão ou manter a saúde mental? Hoje eu realmente não faço questão de explicar nada, porque só a gente sabe quanto custa a terapia. Se antes eu me alimentava mal e realizava todos os meus desejos de hambúrguer e batata frita em plena terça-feira "porque eu mereço” - hoje eu pondero e penso que talvez não seja bacana atropelar uma refeição saudável, porque ela é que vai ajudar o meu corpo a aguentar o restante da semana, talvez no sábado a noite seja o melhor momento de extravasar.
Se antes eu duvidava que medicamentos e terapias naturais não funcionavam, hoje eu recorro aos saberes ancestrais pra me curar sempre que possível. Antes eu achava que sucesso era chegar no topo da profissão e morar num bairro bombado de SP, o sucesso que eu quero hoje está nas coisas simples e silenciosas. Mas claro que dinheiro e jobs são sempre bem-vindos porque não tem como manter os chakras alinhados e a saúde mental sem estabilidade financeira, não é mesmo?
Antes eu queria crescer pra ter muitas histórias pra contar, hoje mesmo não tendo crescido tanto (pois 1,57m) eu já tenho algumas e o mais legal é que você está aqui para lê-las. <3
As fotos do rolê ficaram ótimas